segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Alguns esclarecimentos

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Você disse que queria saber. Nisso eu preciso pensar. Pensar se existe algo a saber. E se existir, se vale a pena te contar.

Você disse que não pode adivinhar. Isso é desnecessário. Basta ler. Perceber o sinal verde, e decidir. Ultrapassar ou não.

Você disse que se importa. Isso ficou obscuro. Se importa com quê? Intenções soltas e desejos desconexos. Esse mistério todo é uma atentado à paz. E uma hora perde a graça. Sejamos diretos para não sermos idiotas: eu te quero. Você me quer? Não sabe? Ah, então vá catar coquinho.

Você disse que se esforça. Isso é engraçado. Passos minúsculos de seres rastejantes. Mas acho que agora a ansiedade já extrapolou a lógica da espera. Ninguém quer meias bocas pra preencher entradas inteiras. Meias palavras para dizer alguma coisa que, feita a análise fria, nada querem dizer.

Você disse coisas fofas. Isso eu amo. E você sabe disso. Afirma que eu não estaria se fosse diferente. Este meu rebolado colorido que descola de seu cenário pastel é meu jeito nada sutil, apesar de ser essa a intenção, de te mostrar que há chances de ultrapassagem.

Você disse que tem medo. Nisso eu creio. Não que eu ache que você tem menos tempo a perder que eu. Só não dá pra continuar encaixando seu medo em horários seguros. Empurrar com a barriga me causa um certo enjôo morno. E eu não consigo empurrar a vida com a barriga porque é a vida que me empurra. E agora, ela me joga em cima de você. Nem que seja para te espantar. o que não seria de todo mal. Ao menos seria real. Melhor te ver correndo pra longe do que empacado em minha vida.

E pela primeira vez, tenho dito.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010



De acordo com Elizabeth Kubler Ross, quando estamos morrendo, ou sofremos uma perda catastrófica, passamos por cinco estágios de luto. Passamos pela negação. A perda é tão inconcebível que não acreditamos nela. Ficamos bravos com todo mundo, bravos com os sobreviventes, bravos conosco, e então barganhamos. Nós suplicamos, imploramos, oferecemos tudo o que temos, oferecemos nossas almas, em troca de apenas mais um dia. Quando a barganha falha, e a raiva é demais para persistir, ficamos deprimidos, desesperados, ate que finalmente aceitamos que todo o possível foi feito, e desistimos. Desistimos e tentamos aceitar. O dicionário define luto como um sofrimento mental ou stress por aflição ou perda. Sofrimento agudo. Arrependimento doloroso. Como cientistas, somos ensinados a aprender e confiar nos livros, em definições, em definitivos. Mas na vida, definições estritas raramente são validas. Na vida, o luto pode ser várias coisas que atenuem o sofrimento. Luto deve ser algo que todos temos em comum, mas parece diferente em todos. Não é pela morte que temos que sofrer. É pela vida. Pelas perdas. Pelas mudanças. E quando imaginamos por que algumas vezes é tão tuim, por que dói tanto, temos que nos lembrar que pode mudar instantaneamente. É assim que se permanece vivo. Quando dói tanto que não se pode respirar, é assim que você sobrevive. Se lembrando desse dia, de alguma forma, impossivelmente, não se sentirá assim. Não vai doer tanto. O luto vem em seu próprio tempo para todos. À sua própria maneira. O melhor que podemos fazer, o melhor que qualquer um pode fazer é tentar se honesto. A parte ruim, a pior parte do luto, é que não se pode controlá-lo. O melhor que podemos fazer é tentar nos permitir senti-lo, quando ele vem. E deixar para lá quando podemos. A pior parte é que no momento que você acha que o superou, começa tudo de novo. E sempre, toda vez ele tira o seu fôlego. Há cinco estágios de luto. São diferentes em todos nós, mas sempre há cinco. Negação. Raiva. Barganha. Depressão. Aceitação.